Ela não vai


Ela não vai ser a companheira perfeita, terá que aceitar isso. Não vai acordar com o cabelo arrumadinho a lá Gisele Bündchen todos os dias, e muito menos irá dormir todo dia de baby doll. Ela vai preferir o conforto da blusa surrada e o short larguinho e você vai achar isso sexy nela. Ela não vai estar sempre de salto 15 quando você avisar que irão sair pra jantar num restaurante da cidade. E não vai esperar que você apareça na porta dela buzinando, ela vai até a sua casa te dar uma carona se for preciso. Ela, muitas das vezes não saberá o que dizer diante de alguns relatos seus, mas certamente estará só ouvidos e de coração aberto para você.

Ela pode não ser a ligação que você esperava receber, mas será uma notificação no instagram de algo legal que queira compartilhar a dois. Ela talvez prefira o silêncio e a sua presença. Talvez seja de poucas palavras na maioria das vezes, mas de muito carinho e olhares. Ela não vai ser só a sua válvula de escape, será seu prazer diário. Você irá querer sempre mais. Ela não vai querer se controlar quando a vontade bater, não fará a boa moça, mas também não aceitará qualquer beco numa rua qualquer. Ela não vai passar a mão na sua cabeça sempre, ela vai ser aquela amiga a qual você pede conselhos porque sabe que muitas das vezes ela te entende. Ela vai escolher ter a liberdade, só que ao seu lado. Ela não vai ficar te ligando de hora em hora quando você decidir sair com seus amigos ou amigas, mas vai te mandar uma mensagem no dia seguinte perguntando se se divertiu. Talvez ela não te acompanhe em todas as suas viagens e loucuras por aí, mas estará sempre aguardando a sua volta com um sorriso no rosto. Ela muitas das vezes terá opiniões opostas, mas de certo modo saberá lidar com essa diferença. Ela não se importa com isso.

Ela não vai te pedir muita coisa, somente reciprocidade. Ela vai querer que seja de verdade. Você também irá querer. Vai perceber que o som da risada de vocês dois será um dos sons que mais gostará de ouvir. Ela talvez não te chame de amorzinho, de querido, de neném ou coisas do tipo, mas certamente sairá sempre carinhosamente cada palavra que disser em relação à você. Ela não vai fazer joguinhos, não gosta disso, acha um desperdício de tempo e de sentimento. Ela não vai te ignorar só porque você respondeu a mensagem meia hora depois, nem vai deixar de querer estar perto quando você, porventura desmarcar o cinema da quarta à noite. Ela também não vai se importar com status no facebook, pois sabe que mais importante que isso é vivenciar. Ela será por inteira só sentimentos, abrigará todas as borboletas possíveis, irá confiar sem pensar duas vezes. Mas isso até que você prove o contrário.

Ainda há tempo


Vem cá, senta do meu lado e finge que esqueceu seu olhar no meu. Deixa eu tocar sua mão e ver como se encaixa perfeitamente na minha. Beija minha testa e faça cada célula do meu corpo se multiplicar de felicidade. Deixa eu sentir sua boca na minha. Me abrace forte como quem sentiu saudade mesmo que eu só tenha ido ali por alguns minutos. Faça com que o arrepio seja bom e intenso, e que querer mais seja a nossa única opção. Segura o meu cabelo do jeito que só você faz e faça com que eu só queira ser sua. Canta pra mim sua música favorita, mesmo que desafine. Traga sempre uma novidade para compartilhar comigo, e diga o quanto eu preciso ver aquele vídeo que te fez rir semana passada.

Deixa eu continuar te olhando enquanto rio timidamente. Porque olha, se soubesse o que se passa em minha mente ficaria aqui para sempre. Dá esse sorrisinho de novo enquanto chega mais perto de mim. Já falei o quanto gosto dele? E do quanto eu gosto quando você diz que quer me ver de qualquer maneira? E quando me inclui nos seus planos de conhecer o mundo? 

Deixa eu ser o único numero de telefone que te dê vontade de discar. E a única com quem você queira estar mesmo quando ficar sozinho parecer sera coisa certa a ser feita. Vamos aprender e errar juntos. Deixa eu te contar sobre meus planos, minhas experiências e incertezas. Me mostre que mesmo que lá fora esteja tudo complicado, aqui dentro e entre nós dois tudo se descomplica. E que basta que só nós saibamos o que se passa aqui dentro.

Mas olha, me leva daqui em seus braços direto para o seu coração, pode ser?

Das coisas imprevisíveis da vida


Desculpe se a minha sinceridade presente nestas palavras escritas poderá te magoar, mas preciso dizer: antes, eu não gostava de você. Não é que eu detestasse ou algo do tipo, -não mesmo- eu só não abrigava sentimentos, muito menos esperanças. E a tal da vida, aquela que ainda não vivi por completo, sempre andou me pregando uma peça, sabe? E foi ai que tudo aconteceu.

Um belo dia me arrisquei, sai daquela zona de conforto que mais parecia um clube ao qual estava associada há mais de anos. Peguei um ônibus sem destino. Queria descer onde me desse vontade. Me joguei, como uma bola que cai do penhasco, fui fundo. Perdida em mim mesma e com todas aquelas certezas que carregava dentro do peito tornando-se incertezas inquietantes. Me sentia como o mar, às vezes calmo, às vezes turbulento, com suas ondas gigantes que quebram na praia. E você era a minha praia.

Mesmo surgindo em diferentes lugares, eu, a onda, sempre acabava em você. Depois de muito tempo eu confesso, demorei a perceber que existia algo maior. E no acreditar que me apegando às coisas,  pessoas e lugares viveria mais intensamente, fui descobrindo que eu sempre irei gostar de mim, do jeito que eu for, sempre me darei a liberdade de mudar e mesmo assim abrigar a mim mesma dentro do peito. Parei, respirei fundo e me encontrei. E agora, desculpe se irei te assustar com a minha sinceridade novamente, mas preciso dizer: gosto de você também. E ai está o lado bom das coisas imprevisíveis... Sentimentos podem surgir quando menos esperamos, assim como as palavras que uso para te preencher. E eu também gosto disso. Prometo que sempre voltarei aqui, querida praia.

Começos acontecem sempre


Logo ela que tinha tanto medo de ser esquecida, que esqueceu. Logo ela que não queria choramingar pelos cantos, que o fez. Logo ela que não queria sentir, que sentiu. Logo ela. Aquela que mesmo fraca, se sentia forte. Não queria, mas aconteceu. Com o esquecimento, só restou lembrar quem realmente era, e quem deveria ser. Ela mesma. 

É que lá no fundo da gaveta, estavam todos os seus sonhos. Reorganizou, colocou a si mesma como prioridade, e ai as coisas foram acontecendo. Percebeu que esquecendo, lembrou o que de fato deveria ter sido sempre importante: viver. E foi vivendo, recomeçando. Foi não lembrando que tudo foi se encaixando. Aquele medo de se apegar à coisas, momentos e pessoas havia passado, ela tinha entendido que não há motivos para temer o que há de vir. Que começos devem ser sempre bem vindos e que os erros só se repetirão se nada de diferente for feito. E foi assim, diferente. Ela mesma, mais intensa. Com uma mochila nas costas, lembranças na gaveta e uma nova estrada para seguir, dessa vez guiada pela vontade de ir atrás do que até então era desconhecido. Começar, mais uma vez.

Quando foi amor


Acho que eu nunca vou entender por que você escolheu ir embora. Talvez eu me questione pelo resto da vida qual foi o momento em que tudo aconteceu. Desmoronou. Acabou. As vezes as respostas estão na nossa cara e por algum motivo não conseguimos enxerga-la. Será que foi assim com você? 

A imaginação se tornou minha pior inimiga. Desde quando tudo aconteceu confesso que todos os momentos -até aqueles de briga- pareceram ser mais belos do que o normal. Eu via amor em tudo e em todo lugar. Por que você não via também? Nossa história virou aquele eterno clichê que dizem por ai "durou enquanto fazia feliz" ou "a distância separou dois corações". Aquele blá blá blá de sempre. 

Eu queria ter percebido o momento em que nosso laço estava sendo desfeito, queria poder ter reforçado, melhorado. Queria. Mas não deu, sabe-se lá por que as coisas tomaram outro rumo. O laço, que aparentava estar firme, foi se desfazendo aos poucos. Ai eu fiquei. Lá do outro lado, transbordando de amor e tristeza. Enquanto você, do outro lado, soltou a fita e seguiu seu caminho certo da escolha que fez. Desistiu. Só me restou lhe dizer adeus.