So(mente)

Eu disse para minha consciência que não iria mais falar disso, nem sentir, nem pensar. Nem nada. Eu dizia isso todo dia quando acordava e via que não tinha nenhuma mensagem no celular, nem um sinal de vida se quer. Nem uma pitadinha de saudade disfarçada com um engano. E repetia toda noite, somente pra reforçar que não é justo só eu pensar, só eu me entristecer, só eu sentir. Não é.

E eu respirava bem fundo sugando todo o seu perfume, querendo não ver nada, onde mais parecia “ser” tudo. Ignorava, respirava fundo de novo e repetia uma vez só: Hoje não.  Mas era todo dia, felizmente ou infelizmente não se deleta, nem bloqueia. Eu só ignoro para não machucar mais, só para poder tentar continuar inteira com meus pedaços e meus dramas solitários de um fim de noite. Fico quietinha, eu e minhas crises possessivas, paradinhas em um canto qualquer esperando toda essa poeira abaixar. Por que uma hora ou outra isso tem que passar. Tudo passa. Eles passaram, a vida passou e só eu continuei. Mas o ‘só’ coloco como intensidade, por que sabemos: Ninguém fica muito tempo sozinho de verdade, você é a prova disso.

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