Tinha que ser eu.

Para não chorar procuro sorrir entre meras palavras. Tento me esconder aqui ou ali, onde der está bom. Falo baixinho, comigo mesma para que ninguém entenda o que se passa aqui dentro. Brinco de imaginar, de ser o que não sou antes de dormir, só para ver se a tristeza passa pelo menos um instante. Mudo o nome, endereço e invento um codinome para que ela não possa me achar, para que eu possa me encontrar segura, aqui nesse lugar. Mas ai ela sempre arruma um jeito, encontra um brechinha e vem com tudo. Desabo sem pensar. Um lago se encontra no chão, onde os peixes morreram talvez até de solidão. Coitado deles. Coitada de mim. Estou cada vez mais me afastando da superfície e sendo coberta por algo que pode-se dizer: tem vários nomes.

Quando não sei o que falar, procuro rir. Talvez assim disfarce o nervosismo. Mas é aquela risada estranha, solitária, risada de quem ri sozinha de tão sem graça.

Choro de medo, nervosismo e de raiva. Algumas vezes choro de dor, mas ai eu escondo. Dou risada de tudo que acho graça. Mas não chega a ser uma risada comum é aquela que tem pequenos intervalos, uma risada confundida com desastre. Que vergonha que dá. Pior do que a risada é chorar quando quero parecer séria: Por que é tão difícil manter a postura mocinha? Me pergunto após mais uma de tantas outras desastrosas risadas em momentos importunos. “Tinha que ser você!” É. Tinha que ser eu.


19/09/2011

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