Num dia chuvoso você aparece como se nunca tivesse feito nada e pede meu guarda-chuva emprestado. E dá aquele sorriso torto de quem tem culpa no cartório. E lança aquele olhar de quem quer seduzir mais uma de suas tantas outras mulheres. E abre a boca querendo soltar palavras de conquista e que façam o coração pirar. O meu principalmente. Você volta como se nunca tivesse partido e acha a coisa mais normal do mundo querer me abraçar e ser mais do que um amigo.
E se eu me encolho com o estômago embrulhado por conta da sua presença você acha que é o frio e me pede um abraço. E nem adianta fazer aquele olhar de quem ta com muita-raiva-mesmo, por que você não vê e nem entende. A verdade é que você sempre se importou só com si mesmo. Meu silêncio oportuno parece não te incomodar enquanto você conta super empolgado como foi sua última viagem à Paris com uma de suas tantas outras ex-mulheres. Eu não falo nada e você nem se importa se pegou a maior parte do guarda-chuva e me deixou na chuva. Olho para o lado e você quase que implora pela a minha atenção. Mas a questão não é a minha atenção e sim ‘a atenção’.
Como sempre procura no ar que eu respiro alguma forma de me por contra a parede e confessar que ainda sinto falta, embora falta mesmo eu nem sinta mais. E faz as perguntas certas no momento errado. Nem se importa em dizer por que partiu, nem em dizer por que voltou. Eu estava bem antes de você chegar. Eu estava bem antes de te conhecer. Estava. Mas enquanto você falava sem parar sobre um futuro que seria para eu participar e eu olhava para o lado desejando com todas as forças que o ônibus parasse, uma loira metida a modelo pára bem na sua frente e você lança aquele olhar, aquele que antes só existia pra mim. E de repente eu entendi tudo; você não quer ‘a pessoa’, você quer uma pessoa qualquer, o que pode ser qualquer uma. Não eu. Nunca mais.
Um comentário:
Você descreveu exatamente... um cara que eu conheci. Mas essas pessoas que precisam de atenção, de muitas mulheres, etc, são muito solitárias. Eu tenho mais pena do que rancor. Porque nós, pessoas normais, que amam, cuidam e sofrem quando termina, sempre podemos ser felizes com um cara melhor. Mas com ele nunca vai mudar a situação de eterno vazio. Um beijo!
http://biacentrismo.blogspot.com/2011/07/nao-venha-me-amando-mais-ou-menos.html
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