Disfarce molhado

A chuva ia caindo, bem lentamente, como quem não está com pressa alguma de criar algumas poças de água pela cidade. E com a sua chegada, quase despercebida faz com que o sol rapidamente se recue, indo para trás daquelas montanhas que daqui da minha janela posso ver e admirar. Uma luz tão forte some para dar lugar a melancolia que é o barulho, nem um pouco insignificante, da chuva. A escuridão toma conta dos próximos 20 metros que pude avistar. Quase não vi. Nem sinal da lua. Mas eu gosto da lua. De outra janela, um pouco distante do barulho da cidade a procurei. Não encontrei. Não vi. Não estava ali. Mas havia estrelas, que junto da chuva pareciam apenas diamantes brilhando no céu. Diamantes, os quais eu não conseguiria alcançar, por mais que me debruçasse naquela janela um tanto molhada para o pouco de chuva que estava fazendo. Droga!  Foi só falar e ela logo tratou de me ouvir, fazendo com que seus pingos finos e quase imperceptíveis vistos por outro ângulo, aumentassem em fração de segundos, trazendo consigo um barulho ensurdecedor. E não adiantaria de nada fechar as janelas, ou apenas ignorar o fato de que seu barulho venceria qualquer outro tipo de som, ou não. E derrotada pela idéia de que o som havia me vencido antes mesmo que eu tentasse, ou quase isso, fui para onde uma luz forte me chamava, quase gritando o meu nome. Eu acho.
E mesmo com a chuva molhando rapidamente cada canto seco e quente do meu corpo, pude avistar de longe a lua. Não tão longe, redonda e laranja, escondendo o sol que existia ali poucos minutos antes. Esplêndida. Deslumbrante.  Que coisa linda de se ver. Pensei. Logo estava completamente encharcada pela chuva, mas não me preocupei. Uma emoção tão grande e inexplicável tomou conta do meu pequeno ser. É que eu gosto da chuva, ainda mais quando ela cai sobre o meu rosto, juntando as lágrimas fazendo parecer apenas água que caiu do céu.

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