Devolva-me

Eu abro mão e aproveito, lavo também. Quero me livrar dessa sujeirada das pessoas, dessa sujeirada que elas cismam em deixar impregnada, fora e dentro de mim. Tão previsíveis e egoístas. E sendo mais honesta do que nunca e que me desculpe o termo, mas eu tenho nojo do que algumas pessoas são capazes de fazer, e especificamente, com os meus sentimentos.

Um sorriso meigo, porém, completamente hipócrita. Um empurrãozinho aqui, outro empurrãozinho ali, assim de leve como quem não quer nada e pronto! Você está na beira de um precipício. Justamente assim que algumas-pessoas-ruins-e-sem-noção entram em nossas vidas e nos deixam sem eira nem beira.

A gente cuida, ama como toda a intensidade do mundo, ajuda, apóia, compartilha, se entrega e no final, ou até mesmo antes disso ter algum término previsto, nos sentimos usados, tristes e com todos os sentimentos completamente feridos. Que dá raiva dá. Um pouco só. Às vezes deixo passar, finjo que não me importo com mais um caminhão passando por cima de mim, e não deveria mesmo. É só parar de fazer questão, aos poucos, devagar quase parando. Parando assim, em cada canto, num banco, sozinha, observando como as coisas evoluíram e como aquela pessoa se-tornou-completamente-eu, sem tirar nem pôr.  Todo o seu jeito, cheiro e sorriso.  Decorou todos os movimentos, ri a mesma risada, fala as mesmas coisas. Te sugou por completo. Me esvaziou.

E eu fico aqui, me sentindo quase vazia como se alguma grande parte de mim tivesse evaporado com o calor. Me sentindo diferente. Me tornando tudo aquilo que temia ser. Chorando por dentro, trazendo uma inundação de mágoas e despedidas. Sem força em dias nublados. Coisa triste de se ver e de sentir também. Mas na verdade não sinto falta dela, sinto falta de mim e do que eu era antes de tudo isso acontecer. Me quero de volta, aqui, agora!