Fácil mesmo é pensar


E eu ia escrevendo e apagando. E colocava um ponto final, trocava uma virgula. Lia, relia e não entendia. Eu ria. Anotava em cada pedaço de papel que encontrava, milhões de frases que surgiam em minha mente. As vezes a caneta falhava. O papel rasgava. Eu perdia ou não encontrava. E ouvia uma música aqui, cantava ali, sorria lá. Não chorava. Não chorei. Mas vou chorar. 


Os dedos cansavam e eu (lá dentro) me perguntava por que não digitar ao invés de me rabiscar, e uma voz (mais lá dentro ainda) questionava "por que não falar ao invés de pensar?" E eu fazia cara de cansaço quando o braço mal acostumado pensava em doer. Uma pausa. Um suspiro. Um alívio. Se o telefone toca eu não atendo. Se a mãe chama eu não respondo. Se o cachorro late eu não reclamo. Apenas escrevo, e escrevo mais. E continuo escrevendo, e rabiscando, e me desenhando.

Daqui de cima parece ser legal. Que letra bonita! Nunca havia reparado. Eita Alívio. Eita frio. Eita resfriado.


E minha mão sempre acabava com uns rabiscos. Eu gostava. Eu gosto. Faz lembrar dos tempos de criança no C.A quando eu escrevia sem parar. 'Coração' 'Chuva', 'Chorar' e 'Amar'. Mal sabia o que significava. Crianças, tão ingênuas. E continuava a rabiscar, mais e mais. As linhas iam sumindo. E eu me cansando.

E mais uma vez eu li lia e leio assim mesmo sem virgulas nem pausa, mas nada tem sentido. É que a vida parece ser mais fácil em pensamento.

Nenhum comentário: