Tem duas coisas que ainda não mudaram mesmo depois de tudo. Os lugares e as recordações. A esquina do nosso restaurante preferido ainda trás lembranças das noites em que saiamos para jantar. Aquele nosso lugar que sempre costumávamos sentar ainda carrega seu perfume pela mobilha, sem alterar nada, exatamente como antes, ali esta seu cheiro. Aquele cheirinho bom, tanto quanto o cheiro da chuva ao tocar o solo seco e quente. Minha mão ainda procura pela sua em sinal de desespero por algo que encaixe perfeitamente, mas já não acha mais. Pelo corredor da casa escuto sua voz rouca dizendo pela milésima vez o quanto odeia quando eu deixo a água fora da geladeira. Sei bem disso. Consigo sentir seu cheiro de suor quando chega correndo do futebol e joga a blusa suada pelo chão do banheiro. Eu odeio isso. Quando estou triste por achar que nada vai dar certo sinto o seu cafuné. E às vezes quando não estou me convencendo de que o amanhã vai ser melhor e que tudo vai passar, me pego olhando nossas fotografias e não reconhecendo aqueles rostos. Aquelas pessoas felizes que por coincidência talvez, tem o mesmo nome e o mesmo sorriso que o nosso. A mesma feição, o mesmo olhar, o mesmo endereço, mas aquelas pessoas felizes da fotografia não somos nós.
E ai me deito na cama sentindo uma saudade do outro travesseiro, um vazio que não pode ser preenchido e sem nenhuma falta daquele amor.
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