Meu estranho destino

Como rotina, peguei meus desenhos e sai em destino à minha aula de pintura. O metrô estava vazio, fazia eco e demorou mais do que o comum para poder chegar. Sentei-me em um canto qualquer, minha viagem era longa e eu não tinha ninguém para poder conversar.  Em uma das paradas entrou um homem com o capuz que cobria o seu rosto, deduzi que poderia ser por causa do frio e não me questionei se era ou não um assaltante local, até por que ele sairia perdendo daquele metrô, não havia nada de valor comigo e por sinal eu era a única passageira além dele. Tentei procurar alguma forma de poder identificá-lo, mas não consegui. Ele carregava apenas um boné velho na mão, com uma sigla que não consegui entender. De alguma forma aquele garoto misterioso cujo os olhos eu não via, me chamou bastante atenção e sem entender, eu precisava saber quem era.


Fui em direção ao banco onde ele se encontrava e desajeitadamente, sentei-me ao seu lado. Ele virou o rosto e ficou em silêncio. Pensei em milhares formas de começar algum diálogo com aquele estranho, mas nenhum foi bom o suficiente para me convencer de ficar ali. Voltei para o meu canto e coloquei o fone no ouvido, acho que adormeci, pois não vi quando ele se sentou ao meu lado.  Aquela mão fria tocou meu ombro e me despertou. “Desculpe, eu não quis ser rude com você e se não se importa eu gostaria de sentar do seu lado, é que é muito ruim fazer essa longa viagem sozinho.” Fiz que sim com a cabeça e fingi que sua presença não fazia diferença para mim. A curiosidade falou mais alto que o orgulho e fui obrigada a olhar para seu rosto; ele tinha uma pele lisa, olhos escuros e estava sem o capuz, pude perceber que seu cabelo não havia sido cortado fazia tempo, havia uns fios deslocados. Ele era bastante bonito. O admirei por alguns segundos e sorri. Ele pegou meu fone que estava caído sobre meu ombro e colocou em seu ouvido. Passamos a viagem conversando de tal forma que parecia que nós já nos conhecíamos antes.Eu gostava da sua voz e de suas poucas risadas. 

Aquele metrô estava vazio, ele poderia ter tentado me agarrar ou ter feito qualquer outra coisa, mas preferiu apenas encostar a cabeça no meu ombro e deduzir o porquê de eu ainda não ter tido nenhum namoro sério. Senti uma vontade enorme de abraçá-lo e perguntar qual o nome daquele belo rapaz, mas fiquei só na vontade. E sua hora de ir havia chegado. Levantou-se, me deu um beijo na testa e disse “Adorei te conhecer e apesar de ainda não saber seu nome, eu me chamo Téo” e foi em direção a saída. “A propósito meu nome é Anna” gritei para aquele estranho que se chamava Téo. Suspirei fundo e lembrei que nunca mais o veria. De repente ouvi um barulho, um sinal alto que se tornou ensurdecedor, era o despertador avisando que já era hora de acordar.


Atrasada, desarrumada e com livros na mão caminhei às pressas para a biblioteca, até que alguém mais apressado derrubou meus livros no chão. A pessoa um tanto desnorteada que havia derrubado meus livros como forma de se desculpar rapidamente recolheu as minhas folhas de anotação e olhou em minha direção um tanto surpreso:
- Me desculpe, mas nós já nos conhecemos de algum lugar não é? – perguntou-me aquele estranho de capuz e  olhos escuros, com toda a certeza que alguém poderia ter.

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